quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Apoios e Limitações da Teoria da Deriva continental

Apoios e limitações da Teoria da Deriva Continental

A ideia da deriva continental foi proposta pela primeira vez por Alfred Wegner. Em 1912, propôs a teoria, baseando-se sobretudo na similaridade geométrica das costas actuais da Europa e África com as costas da América do Norte e do Sul, pois era evidente encaixe que havia entre os continentes.
As evidências apresentadas por Wegner, além da óbvia geometria das terras que marginam o oceano Atlântico, basearam-se também em dados paleontológicos, paleoclimáticos e geológicos.


Apoios da Teoria da Deriva Continental
Semelhanças entre as costas continentais: Recorrendo a velhos mapas, Wegner considerou que não eram apenas as regiões costeiras de ambos os lados do oceano atlântico, a terem estado juntos, pois outras massas rochosas continentais, deslocadas de certa maneira, pareciam ser peças adicionais do mesmo “puzzle”.
Baseando-se na semelhança das respectivas costas, construiu um mapa da Terra no qual todos os continentes formavam um supercontinente, a que designou Pangeia (“toda a terra”).

Dados paleontológicos: o mesosaurus era um réptil semelhante ao crocodilo, fósseis deste réptil foram encontrados na América do Sul e em África. Devido à distância actual entre estes continentes, torna-se difícil de acreditar este animal destes fosse capaz de nadar milhares de Km, para povoar os dois continentes. Wegner constatou que, reconstruindo a Pangeia, esses fósseis se encontravam em lugares próximos nesses dois continentes.

Wegner estudou igualmente, a localização de outro fóssil chamado Glossopteris e verificou que os fósseis desta planta apenas se encontram fossilizados em África, na índia, na Austrália, na América do Sul e na Antártida. O cientista marcou, novamente, no mapa da Pangeia os locais onde estes fósseis foram encontrados e constatou que esses locais se encontravam na mesma região, independentemente de actualmente, os continentes estarem separados.

O mesmo observou para outros fósseis, como o Lystrosaurus (encontrado em África, na Antártida e na índia) e o Cynognathus (detectado no Brasil e em África).

Observou ainda que as rochas com a idade compreendida entre os 505 e os 208 milhões de ano, nos dois lados, África e América do Sul continham os mesmos fósseis. Rochas mais recentes apresentavam espécies diferentes em cada um dos continentes.
Como tal, Wegner admitiu que o oceano Atlântico começou a abrir a Pangeia e a separar-se, há cerca de 200 milhões de anos. As rochas que se tinham formado antes desta separação têm os mesmos fósseis, porque a evolução seguiu diferentes caminhos em continentes separados.

Dados paleoclimáticos: (a paleoclimatologia é a ciência que estuda os antigos climas) Como meteorologista e geólogo que era, Wegner sabia que determinados tipos de rochas sedimentares apenas se formam em zonas específicas da Terra. Por exemplo: os glaciares só se formam a baixas temperaturas e grandes altitudes; os desertos e as suas rochas apenas se encontram entre as latitudes 30º norte e sul;
Assim sendo, as rochas sedimentares reflectem as latitudes a que se teriam formado. Wegner marcou novamente as rochas sedimentares em mapas com a actual distribuição dos continentes e verificou que se encontram depósitos glaciários em zonas tropicais e subtropicais, o que se revelava bastante estranho.

Dados geológicos: Wegner verificou que uma rocha pouco comum se encontrava de um lado e de outro do oceano Atlântico. Por exemplo, as rochas deformadas na África do Sul são idênticas às existentes em certas províncias da Argentina.




Limitações (pontos fracos) da Teoria

A teoria proposta por Wegner era tão revolucionária, que desde logo lhe foram exigidas explicações que justificassem o mecanismo do movimento dos continentes.

No entanto, e apesar de ter afirmado que os continentes se tinham deslocado, o cientista nada referiu acerca do modo se moviam ou qual a origem da força responsável pelo movimento, isto é, Wegner foi incapaz de responder de forma sólida à questão fundamental levantada pelos seus críticos: Que tipo de forças seriam suficientemente poderosas para mover enormes massas de rocha sólida, como os continentes, ao longo de distâncias tão grandes?
Só após, muita pressão da restante comunidade científica é que Wegner apresentou uma possibilidade para explicar esse movimento:
Wegner sugeriu que os continentes simplesmente deslizariam sobre os fundos oceânicos, isto é, que os continentes flutuariam sobre os fundos oceânicos.

No entanto, logo após estes argumentos defendidos por Wegner, Harol Jeffreys, reconhecido geofísico Inglês, argumentou que seria fisicamente impossível, mover uma grande massa de rocha sólida em deslizamento sobre o fundo oceânico, sem que a placa se partisse;


Outros factores, que se podem classificar como “secundários”, estiveram na rejeição da teoria proposta pelo Alemão, tais como: apresentação da teoria na sua língua oficial (o alemão); o facto do momento da apresentação ter coincidido com uma época de tremenda instabilidade (períodos antecessores da primeira guerra mundial); o estatuto de meteorologista do próprio Wegner, pois na sociedade da altura a meteorologia, era tida como uma ciência pouco credível perante a comunidade científica;


Assim sendo, apesar dos dados físicos só provaram que o mecanismo da deriva é que estava errado e não negarem as provas das semelhanças das costas, os dados paleontológicos, paleoclimáticos e geológicos, a partir da morte de Wegner, a teoria da deriva continental foi abandonada e poucos cientistas continuaram a discuti-la.



Renascimento da teoria

No entanto, anos mais tarde após ter sido abandonada, por volta de1960, novas evidências acerca da exploração da superfície dos fundos oceânicos (nomeadamente o conhecimento de certas características do comportamento magnético das rochas marinhas), em resultado de novas informações sobre o campo magnético terrestre, bem como novos conhecimentos acerca da actividade sísmica da Terra, fizeram renascer o interesse na teoria de Wegner, conduzindo à sua reavaliação e, finalmente ao desenvolvimento da teoria da tectónica de placas.

Desta vez, porém, os mecanismos de deriva continental já estavam mais bem estabelecidos pelo trabalho de vários pesquisadores, entre os quais se destaca o geólogo
Arthur Holmes.



As forças geradas pelas correntes de convecção do
manto terrestre (no interior da Terra) são suficientemente fortes para fazer deslocar as placas. Segundo a teoria da deriva continental, a crosta terrestre é formada por uma série de "placas" que "flutuam" numa camada de material rochoso fundido.


Deste modo constata-se que a teoria da deriva continental e a teoria da tectónica de placas estão profundamente ligadas. Foi devido, principalmente, aos estudos sobre a expansão dos fundos oceânicos (em resultado de novos conhecimentos acerca das características magnéticas das rochas dos fundos oceânicos), expansão que origina a movimentação das placas e consequentemente a movimentação dos continentes, que foi possível o estabelecimento a partir de dados relacionados com a teoria da deriva continental., de uma nova teoria, a teoria da tectónica de placas.

A teoria da deriva continental tornou-se, assim parte de uma teoria maior, a teoria da
tectónica de placas.

2 comentários:

Unknown disse...

ESTE PEQUENO TEXTO FOI MUITO ESCLARECEDOR E AJUDOU-ME A PERCEBER A RELACAO ENTRE AS DUAS TEORIAS E A PATIR DO MESMO DESCOBRI AS RAZÕES QUE WEGNER APRESENTOU PARA PROVAR QUE A SUA TEORIA ERA VÁLIDA.
OUTRO ASPECTO QUE ME AGRADOU FOI O FACTO DE ESTAREM REFERIDAS AS CONTRADIÇÕES SOBRE A TEORIA.

julio disse...

Me parece insano uma teoria ser dada como uma lei, sem comprovação, pois a teoria que afirma que forças, que nem sequer foram confirmadas, são capazes de mover continentes e as mesma são incapazes de gerar um terremoto de magnitude 10 ou mais, que seria a força minimamente necessária para este deslocamento. Além de não explicar as diferentes salinidades das águas dos oceanos, que segundo a teoria era uma só.